domingo, 29 de novembro de 2009

adeus ao paraíso

aos queridos habitantes do Éden ~

vossa humilde interlocutora sente muito, mas não pode mais adiar o fim.
se houvesse outro jeito, menos doloroso, eu o faria; mas, por ora,
os portões do Éden foram fechados e - o que me dói mais:
levarei tempo pra encontrar
as chaves reais
que joguei em algum canto do meu jardim
.
agradeço a todos que me motivaram a doar um pouco de mim,
das minhas experiências, frustrações, paixões fracassadas, alegrias
e medos durante esses dois anos e meio de Musa Híbrida.
muito obrigada e boa viagem!

- eis o pecado original: aceita um pedaço?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

o inventário do [ir]remediável (ou um adeus breve para o paraíso)

Musa Híbrida retorna em
breve para dar uma boa
explicação àqueles ainda
leais ao Éden.
no mais, agradeço desde já o apoio
pelos dois anos de blog.

eis o pecado original: aceita um pedaço?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

inefável II

- Não podemos continuar assim. Desse jeito, não duraremos muito tempo mais.

As lágrimas teimavam em escorrer pelo rosto dela, já borrado pela maquiagem barata. Ele sentiu a rispidez de sua frase e tentou apaziguar os ânimos num abraço quente, que era sua pele queimando. Ela notou o fogo que ardia nos braços dele e não pode evitar de se deixar queimar: cada polegada de sua pele foi sendo consumida rapidamente, comparável a um desejo que apenas os solitários e viciados sentem em suas angústias intermináveis. De repente, o chão daquela casa abandonada - refúgio dos amores secretos - era maior que qualquer fogueira santa da inquisição católica. Ele deslizou suavemente as mãos pelas costas dela, subindo logo em seguida com arranhões que a fizeram sentir arrepios profundos. Um beijo e então ela deitou-se novamente; sabia que era inútil conseguiria resistir àquelas mãos e muito menos àquele toque. Ele riu cinicamente e continuou seu trabalho silencioso: desabotoou o que sobrava da roupa dela e, levemente, tocou cada centímetro do seu corpo - agora despido completamente - ouvido os sussuros, os quais pareciam preces de alguém prestes a se deparar com a morte. Logo veio a sua condenação. Ele sabia exatamente o que precisava fazer ... e fez. E ela sabia exatamente o que ele iria fazer ... e não impediu. As mãos dele passavam, quentes, e ela quase implorava pra que não esquecesse daquele momento. Eles se amaram no chão frio daquela casa abandonada durante minutos preciosos que os dois recordariam eternamente.

- Eu não quero te perder.

Ele voltou a sentar-se e acendeu um cigarro, ao mesmo tempo em que observava minusiosamente o corpo dela, que agora - e sempre - era dele. Num tom envergonhado, ela tentou agradecer pela sinceridade, mas ele interrompeu sua voz.

- Eu te amo. Não permito que você me perca.

O cigarro apagou; os amantes continuavam acesos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

história de uma gata

vejo-me descalça na areia obsverdando as pegadas que me fizeram chegar até aqui. as experiências tomam seu lugar e constroem - grão a grão - cada lição a ser aprendida; e estas nem sempre me foram agradáveis, e nem sempre vão ser. contradigo tudo que já escutei e não me arrependo de ter errado todas aquelas vezes. recuso-me a permitir que qualquer coisa me abata e é aí que eu copio os gatos: minhas merdas estão aqui sim, mas estão todas cobertas pela areia. sinto muito se não é transparente, mas já não há realmente o que enxergar. aprendi sim, mas pretendo continuar aprendendo, afinal, é disso que a vida é feita. não quero me ver num pedestal sendo apontada como perfeita ou impassível à deslizes. e enquanto o tempo fizer o trabalho dele, haverá adubo e campo suficiente pra eu me manter. não prometo errar menos; muito pelo contrário! entretanto, meus queridos amigos gatos continuarão a me transmitir a sabedoria de ignorar o que ficou pra trás e enterrar, junto com as minhas falhas, o meu passado.

nós gatos já nascemos pobres. porém, já nascemos livres ~

terça-feira, 27 de outubro de 2009

passos da tempestade

sempre escondi meu medo da chuva enquanto minha adoração pelo Sol sempre foi exposta espontaneamente. meu céu limpo consegue refletir minha alma; embora as nuvens façam um ótimo trabalho quando precisam me escurecer. eu não gosto de sentir a ventania, não gosto de prever os tempos e saber o que está prestes a acontecer, não. mas vejo que o tempo está fechando. a chuva está a caminho e eu vou me molhar ...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

de eu pra mim

olha, eu não queria tornar isso público, só que às vezes você é bem
difícil. não sei como consigo lidar com tuas besteiras, teus ciúmes,
tua mania de achar que sempre tem a razão em todas as coisas.
não quero me tornar superior, não é isso, mas você não sabe o
quanto me fere as tuas injustiças. não sabe mesmo ...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

a menina

a vida vai ensinar muitas coisas à menina. algumas boas, outras nem tão boas assim. mas vai ensinar. e a menina - como humana - vai ter de aprender todas elas; vai ser praticamente forçada a passar pelas situações e a entender as lições. por isso, a menina vai chorar, vai sofrer, vai se amargurar, vai pensar que nada tem mais sentido. mas no final, a menina voltará a sorrir e, quando olhar pra trás, as palavras da outra soarão repetidamente e como mais uma lição:

"para amar aos outros, é necessário, primeiramente, amar a si mesmo"

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

classificados

vende-se:
~ uma corpo cansado.

troca-se:
~ uma boca suja.

financia-se:
~ uma mente explosiva.

aluga-se:
~ uma alma inquieta.


preço a combinar.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

o dia em que eu encontrei e perdi a minha filha

Há anos, desde que sonha em ser mãe, ela projeta sua filha: a pequena Luísa, teria cabelos loirinhos e cacheadinhos iguais aos da mãe, um olho azul-céu de despertar inveja das crianças mais velhas, com um sorriso estampado no rosto e uma alegria interna imensa; daquelas que causam desejos de pular, brincar, conversar com pessoas estranhas ... Luísa, sua futura filha, seria exatamente assim.

Ela estava com fome e ele também. Estavam perto da melhor pizzaria da cidade, mas ela estava cheia, com fila de espera ... Eles decidiram, então, encomendar e levar a pizza pra casa. Entraram na sala, escolheram o sabor, pagaram e sentaram para esperar. Enquanto se sentavam, observaram um rapaz que entrava na sala com uma menina no seu colo, terminando com o monopólio dos dois sobre o lugar. O rapaz entrou, deu boa noite, escolheu o sabor, pagou e sentou-se para esperar. A menina que estava no seu colo logo sentou-se também e num impulso completamente involuntário, olhou para ela.

Ela admirava a menina: a menina pequena, loirinha, dos olhos azuis, a encarando com aquela determinação. Comentou inúmeras vezes com eles que ela era muito bonita e que se encaixava perfeitamente na descrição de filha que ela sempre sonhou. Ele riu, achou loucura. Mas era uma loucura que fazia sentido, uma loucura que tinha razão. A menina sorriu, pulou, brincou, fez "amizade" com a balconista e, logo, com o casal que também esperava a pizza.

Ela estava emocionada ao ponto de deixar timidamente escorrer uma lágrima dos seus olhos. O pai da menina sorria e dava informações, como a idade e as brincadeiras preferidas. A menina não entendia o sentido daquilo tudo, mas reconhecia nitidamente a sua "mãe de querência". A mulher olhava para a menina, que sorria e sorria e pulava e sorria. Num determinado momento, ela comentou com ele: "amor, ela parece nossa futura filha, a que se chamára Luísa". A menina, parecendo ter ouvido, se dispôs na frente da mulher e, com um ar de identificação, disse:

- Meu nome é Ana Luísa. - e sorriu outra vez.

sábado, 8 de agosto de 2009

o dia em que o amor se materializou em um par de peças de prata

Ela olhou o relógio.
Era a milésima vez naquela tarde e o tempo parecia não passar. Ele não era um garoto alheio a pontualidade, o que a deixava mais preocupada a cada minuto excedente do horário marcado. Pensou em discar o número dele, mas lhe faltou coragem pra levantar e procurar o telefone. Pensou em ir tomar banho, mas queria ter a exclusividade de atendê-lo quando ele chegasse. Então, ela esperou.

Ela ouviu o interfone tocar.
Correu, embora já soubesse que era a sua visita tão esperada. Atendeu e confirmou: ele tinha finalmente chegado. Ela correu de novo até a porta e, parada, esperou que ele caminhasse ao seu encontro. Um abraço, um beijo breve e os dois entraram e sentaram no mesmo sofá no qual se sentavam todas as vezes. Mas ela era impaciente; percebeu em poucos minutos que havia algo errado com ele - pelo jeito estranho com que ele a abraçara, a beijara, entrara, se sentara e se calara de vez. A impaciência da menina cresceu insuspeitamente, ao ponto dela quase o sufocá-lo com tantas perguntas. Mas o menino se manteve calmo, paciente, irritantemente pacífico.

Ela se chatetou.
Não conseguia enteder o que tinha feito pra causar aquele clima tenso. Mas ele, ainda calmo, tentou transmitir essa calma à menina. Inúltil. Ela era realmente impaciente. Apressada. À 300 km/h. Entretanto, ao invés de recriminá-la, o menino só a pediu que fechasse os olhos. Por que não? Ela fechou os olhos e logo em seguida ouviu uns sons. Desconhecidos. Ou talvez só distantes. Ele a pediu que estendesse as mãos, assim ela o fez. Sentiu um metal frio, uns metais frios: estavam ali um par de alianças dispostas à sua frente.
- Quer casar comigo?

Ela disse "sim".

sexta-feira, 24 de julho de 2009

à (minha) vida

simões filho, 24 de julho de 2009.


Vida,

inicio esta carta te pedindo desculpas. talvez você ache inútil ou completamente indiferente, mas eu preciso dizer isso: desculpa. por todas as vezes que te deixei pra depois, que te neguei, que não te enxerguei na minha frente. mas hoje eu não queria voltar ao passado - só a um passado breve que preciso comentar - e, então, retomo o assunto principal, motivo que me leva a te escrever.
há alguns meses você saiu de mim. entendo que estava esgotada, sentindo-se incapaz e vazia sem o meu apoio. mas, vida, são nessas horas que a gente mais aprende! hoje percebo o tempo que perdi quando te guardei na caixa pra usar mais tarde. felizmente, o mais tarde não foi tão tarde assim e agora eu posso estar aqui, tranquila, com minha xícara de café e minhas unhas vermelhas, aproveitando a noite que já está me consumindo, embora eu saiba que não irei conseguir dormir bem hoje se não te disser tudo que tenho pra dizer. então, acho que quando a gente chega no fundo do poço (aquele estágio deplorável no qual eu me encontrava quando você voltou a me ver), o mundo só tende a melhorar. assim aconteceu comigo, quando a gente se encontrou mais uma vez. ah, vida, você não sabe como meu coração bateu forte naquele dia! que bom que o tempo passa e que eu posso contar com os caminhos e destinos tão incrível do mundo.
enfim ... chega de lamuriações. agora chegou a hora na qual eu "me" revelo pra você: te escrevo pela saudade que sinto, pelas imaginações de mundo que tenho, por tudo que ainda não vi, pelos segredos e pelos escancarados. mas te escrevo, vida, principalmente pra agradecer por você ter tomado aquele caminho de volta e não ter desistido de mim. quem sabe o que hoje eu seria ou o que estaria fazendo se continuasse com as mesmas sensações daqueles tempos tão terríveis! quando lembro do quão absurda tua ausência se tornou pra mim ... e eu que nem me importava, passei a sentir. agora te peço que nunca, mas nunca mesmo, minha vida, se afaste de novo de mim. da minha parte, tens a promessa de eu não deixar isso ocorrer novamente, porque finalmente sei o quanto é bom te ter preenchendo cada poro, cada tecido, cada célula do meu corpo.
eu não lembrava o quanto era bom ser feliz; obrigada por não me deixar esquecer isso.

te aguardo anciosa - hoje e sempre.
beijos,



Mademoiselle ~

sexta-feira, 15 de maio de 2009

alfabetizar II

eu procurei um professor.
"compre uma gramática e um dicionário", foram as primeiras palavras que ouvi dele. e assim eu fiz.
então ele, sábio como ninguém, ensinou tudo o que eu precisava saber (e o que eu não precisava também).
então eu, dedicada como ninguém, aprendi. estudei todos os dias. fiz de cada frase, uma fórmula; e, de cada fórmula, um resultado novo. revisei, refiz os cálculos e as análises sintáticas tantas vezes, tantas vezes ... sequer lembro quantos papéis rascunhei, quantas horas e quantas palavras li, quantas noites mal dormidas eu tive e quantas provas respondi.
eu não perdi uma aula, dei meu sangue e minha alma, sacrifiquei tudo por uma simples vontade e ... fui reprovada. assim: re-pro-va-da, sem mais nem porque. o professor confessa que eu não errei acento algum da nova regra ortográfica, que eu sabia exatamente o que cada advérbio significada e que, mais que tudo, calculei com exatidão cada delta. talvez eu tenha comprado os livros errados. talvez a gramática estivesse desatualizada e o dicionário, pouco em vocabulário e vazio em definições. e eu, que quis tanto aprender, me esforço pra lembrar com vontade de esquecer.
hoje eu só peço, caro professor, que devolva minhas provas respondidas, meus rascunhos, meus cálculos e minhas redações, porque estes lhe são inúteis e indiferentes - completamente o contrário pra mim. e também lhe peço que quando eu (finalmente) mudar de curso, por favor, não me culpe pela tua fragilidade. afinal, eu aprendi minha lição. todas elas.
lado direito: http://musahibrida.blogspot.com/2009/03/alfabetizar.html




"eu vou tirar do dicionário a palavra você;
eu vou tirar você de letra, nem que eu
tenha que inventar outra gramática."



quinta-feira, 7 de maio de 2009

bom dia

olhei o horário: 05:30h. talvez meu corpo estivesse tão cansado que não suportasse ao menos o abuso do celular vibrando embaixo do travesseiro e meu subconsciente me acorde meia hora antes do horário marcado. olhei a parede da sala - meu guia de luz - através da minha pequena janela aberta e não quis acreditar na escuridão que vi. cogitei a hipótese de não ir pro colégio e perder as aulas de química, física e redação. não, melhor deixa pra faltar outro dia. descubro-me, desligo meu ventilador e levanto. coço os olhos, percebo que ainda chove lá fora e a vontade de ficar em casa só aumenta. e eu me traio, me tranco no banheiro. ligo o chuveiro e sinto cada pingo de água quente caindo aos meus ombros. eu ficaria ali pra sempre. desligo o chuveiro, me seco, finalmente encaro o espelho e a escova de dentes faz espuma em minha boca. aí eu me olho de novo e penso. lembro que há alguém que eu devo pensar todos os dias quando acordo. alguém que eu já penso integralmente; sorrio pro espelho, imaginando teu sorriso de volta. e agradeço por ser você a primeira pessoa a povoar meus pensamentos diariamente. em cada dia, todos os dias. eu te amo.

domingo, 3 de maio de 2009

mais macho que muito homem

eu sigo o retrocesso, lei (natural) da trajetória.
eu penso em ligações, eu releio mensagens, eu escuto as palavras, eu sinto o beijo. e penso. penso como quem não queria pensar; mas é preciso. acontece, meu amor, que você está indo contra a tudo que um dia pregou. você não está tendo coragem, razão, raciocínio e, principalmente, lucidez. é que eu, pelo menos, tive coragem o suficiente pra assumir meus sentimentos e te provei que não sou tão surreal, tão covarde e tão medrosa quanto você disse um dia. fui de encontro a tudo que eu queria, lutei, sangrei, quase me destrui. e você, o que fez? ah é: você me testou, finalmente se provou, me disse coisas positivas e logo em seguida, me negou de novo. me beijou hoje e amanhã disse que isso não é certo. e se esqueceu completamente que eu ainda tenho coração, que eu ainda sangro e ainda choro. se queria tanto não magoar, puq não pensou em tudo desde o começo? puq veio me dizer que me amava e que eu era a tua mulher? se não queria magoar ninguém, puq, então, não me deixou em paz? enfim, te conheço agora. e sinceramente? eu sou mais mulher do que você imaginou. e mais macho que você, homem!




e no fim das contas,
quem acaba sendo covarde, afinal?
fica a dica.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

abaixo de zero ou bar em bar

uma pancada. duas pancadas. três pancadas.
meu corpo já se sente anestesiado, estático. é como quando você bate a cabeça na esquina da mesa de vidro da sala de jantar. a dor é inevitável mas é reduzível. qualquer um, em plena consicência, pensaria em pôr gelo no local e, sinceramente, nunca conheci um cidadão que o fizesse diferente. daí, em alguns minutos, nada mais é sentido. infalível! então, pelo tal efeito, costumamos nos esquecer que tudo em demasia acaba tendo um resultado contrário. e o gelo acaba virando dor. dor. mais dor. afinal, é a dor da batida ou a dor do frio?
uma dose. duas doses. três doses.
meu corpo já se sente anestesiado, cansado. é como quando você não suporta mais o frio que sente, tudo congela ao teu redor. a dor é inevitável, mas é reduzível. qualquer um, em plena consciência, pensaria em tomar uma dose de wisky pra esquentar e, sinceramente, nunca conheci um cidadão que o fizesse diferente. daí, em alguns minutos, nada mais é sentido. infalível! então, pelo tal efeito, costumamos nos esquecer que tudo em demasia acaba tendo um resultado contrário. e o wisky acaba virando tonteira. tonteira. mais tonteira. afinal, é a dor do frio ou a bebida?

eu tenho sentido o (teu) frio. mas por favor, da próxima vez, me oferece uma dose de wisky junto. puq apenas gelo puro eu já não suporto mais.

domingo, 19 de abril de 2009

40 dias no espaço

daqui é tudo tão diferente ...
tristeza sorri, alegria chora. o amor não existe e a vida se perde em segundos poucos e vagos. vazio. não há nada que me prenda os pés sob o chão, e nem nada que me faça voar. vazio. as estrelas são tão minuciosas, tão indiscretas. algumas chegam a gritar, aos quatro cantos, as dores que machucam. mas que cantos? estes também inexistem. os cometas voam livres, tão livres quanto os sonhos das crianças pequenas que habitam aquele lugar de onde eu vim. oxigênio? eu não respiro! e posso dizer, sem culpa alguma, que o que me falta não é ar. tudo é tão maior do que os atlas descrevem ... levanto-me e olho ao redor: tudo tão distante. só quem tem sensibilidade o suficiente pode sentir a solidão completa.
v a z i o.
e é tudo o que há. este lugar é feito disso. mas eu só estou esperando carona da próxima nave me levar de volta. isso que vai me puxar pelo braço e me conduzir de volta a júpiter. isso que vai me devolver toda vontade, toda verdade, todo ar. espera, tem algo me sugando ...



ah meus 40 dias
ah tempo que (não) passou ...
quase não suportei
finalmente acabou!
e eu mal vejo a hora
de brincar de amar
de brincar de amor
minha solidão e só
alma pura e coração novo
mas agora, tudo voltou
eu me renovo, eu me movo
e eu quero tu-do de novo
ah, se quero ... [6]

quarta-feira, 15 de abril de 2009

tutorial: como esquecer [alguém]

você vai chegar em casa arrasado, destruído, com o coração em cacos.
desabafe. chore. chame tua mãe e teus irmãos pra conversar e comova cada um deles com teu desespero. repasse cada detalhe dos últimos meses e reflita sobre onde você pode ter errado. lamente-se. tente se recuperar e vá até o lugar onde você guardava cada pedacinho daquele amor. releia as cartas, uma por uma. releia e tente não chorar. depois analise as fotos; analise os sentimentos que possam conter nestas. deixe a lágrima cair, seguida de mais outras milhares. recupere-se de novo, tome um banho, recuse qualquer comida que queiram te dar; você não vai conseguir ingerir nada e, se conseguir, vai vomitar logo depois. saia de onde todos se encontram e siga, calado, até o teu quarto. tranque tua porta. procure os teus fones de ouvido, ponha-os na altura máxima e escute as últimas músicas corta-pulso que sobraram na tua playlist. apague tua luz. pense que talvez tenha sido o último abraço, o último beijo, o último sorriso, a última lágrima ou o último alguém que você tenha, de fato, amado de verdade. chore de novo. chore até você não ter mais forças. ligue pra um amigo, conte o que aconteceu e como você está precisando dele. implore por companhia e desligue, acreditando que quando você conseguir dormir, toda dor vai acabar. chore até dormir e acorde. acorde no outro dia com os olhos inchados e com cara de sono. vá até a casa do teu amigo, passe uns dias com ele (ou ele venha até a tua casa e passe uns dias com você, como preferir). conte, de novo, o que aconteceu; só que, desta vez, com detalhes mínimos. conte da pontuação usada, da intonação da voz, das expressões faciais que eram feitas. curta esses teus três dias de fossa, mas curta de verdade: chore, se descabele, grite aos quatro cantos as canções de amores tolos, jure pra si mesmo que nunca mais voltará a amar alguém na vida, não coma, não durma ...

finalmente, acorde. acorde num belo dia e, observando o céu, pense e repita alto 'hoje tudo muda'.
vá ao cabelereiro, faça um corte legal, mude alguma coisa. use novas gírias, mude teu jeito de andar, aprenda a cantar novas canções de 'eu estive mal mas superei tudo'. diminua teus pensamentos nesse alguém. pense no seu futuro, no que ainda há por vir; entre num curso com algum amigo conhecido. diminua também as tuas chances de encontrar esse alguém em qualquer esquina em comum. mude teu rumo. mude as ruas pelas quais você costumava passar. mude o turno das tuas aulas. mude teu número, teus horários ... se puder, até mesmo se mude. tente viver com novas pessoas, com novos lugares, com novos horizontes. com tudo novo. aceite as cantadas baratas de pessoas que já passaram por você. aceite cada sorriso e cada gesto de romantismo que puderem te proporcionar. veja filmes inteligentes - aprenda com eles. escreva, componha, cante tudo o que você sente. tudo.

um mês depois, enfim, volte a ter notícias do teu alguém.
volte a falar, a perguntar dos dias, dos amigos, das aulas, das coisas do coração. faça pose; diga do infinito de coisas que está fazendo para ocupar o tempo. minta. se precisar, minta mesmo. fale o quanto você se sente bem, ainda que queria bradar quanta falta te faz essa pessoa e o quanto você queria estar perto dela de novo. finja que você não se importa mais tanto quanto anteriormente. vá pra casa pensando em como tudo poderia ter sido e estar sendo tão diferente. vá dormir todos os dias pensando nisso até, um dia, esquecer de pensar antes de dormir. até, um dia, esquecer.

e então você vai estar bem consigo mesmo. a tristeza de outrora será uma lembrança distante. uma fonte que (já) secou. um passado passado. você dirá convictamente as coisas que você não sente mais por esse alguém. você também dirá que está tranquilo, quieto, sozinho ... será quando, de repente, te aparecer um novo alguém; por quem você estará disposto a fazer tudo, exatamente da maneira anterior. afinal, o amor é burro, muito burro, e não aprende com os tutoriais (nem com nada).

sábado, 11 de abril de 2009

extremos

quer saber? é que eu tô can-sa-da.
de te entender o tempo todo, de aceitar essa tua arrogância, de ficar criando situações pra me explicar puq você está assim.
é que você não me entende; parece que eu falo grego com os teus sentimentos! parece que quando você percebe o quanto eu quero que isso mude, você dá um jeito que acertar alguma falha minha pra tentar se basear; pra poder dizer 'você fez isso, é por isso que eu estou assim'. puq uma hora você diz 'eu não quero nada de ninguém' e, no minuto seguinte, você diz 'tá, então também vou procurar aqui, já que você não está parada' ... QUE DESGRAÇA VOCÊ ESTÁ ESPERANDO DE MIM, PORRA? tá achando o que? que eu sempre vou estar aqui? que eu vou me prontificar a enaltecer o teu ego sempre que você precisar de alguém pra poder tratar com indiferença e soltar um gemido qualquer? isso cansa! mais que cansar; isso magoa. machuca. destrói tudo por dentro. agora, quando você vê o quanto eu tô irritada com essa situação, você sabe ser doce. você saber ser gentil. você sabe exatamente o que me incomoda e o que não incomoda. você tem o controle de tudo nas mãos. acontece que eu não vou ficar aqui pra sempre. um dia, você vai estalar teus dedinhos, bater tuas palminhas da mão, dá um gemido qualquer e eu não vou aparecer. e sabe puq? puq, nesse dia, você vai ter me perdido pra sempre. puq, nesse dia, eu vou estar feliz com o homem que me quer, que me ama e que demonstra isso. eu tô esgotada, eu não tenho mais força! eu já fui além da definição de 'lutar por alguém'. já fiz tudo que eu podia fazer pra te provar, pra te mostrar, pra te fazer entender! mas ou tô falando grego, ou você é realmente muito estúpido. ou você está fazendo força pra não entender nada. é isso: você não entendeu nada. nunca entendeu. nunca acreditou em mim, nunca viu a importância que lhe dei.
incrível também é descobrir um fator novo a cada dois dias: no início disso, só existia eu, você e o amor. agora existem outros, existem complicações, existem segredos, existem mil coisas que estavam ocultas à minha visão; puq você nunca me contou nada. é isso, então? você não estava sendo verdadeiro? eu só consigo pensar que você estava brincando comigo o tempo todo ...
caralho! você sabe que é só dizer duas palavras e essa situação acaba ... até parece que seu lado sádico fala mais alto, que você tá adorando me ver sofrer e perder o controle todos os dias. uma vez, me disseram que amor não acaba, que ele se converte; em rancor, em amizade, em ódio, em indiferença ... olha, eu te amo muito. te amo mais do que um dia imaginei amar alguém. te amo mais do que é possível, mais do que um ser humano é capaz de amar. mas você - você mesmo - está tratando de converter isso tudo. e, no final, sabe o que vai te restar? o campo de morangos estará apodrecido, como eu.


descoberta ~ los hermanos ♪

e dos filmes, o que aprendi:

- as escolhas que você faz o tempo todo, altera a sua vida e a das pessoas que te rodeiam, principalmente aquelas que te amam.

- só há mudança verdadeira quando se deseja uma mudança verdadeira; nada pode ser forçado.

- as coisas acontecem como devem acontecer, mas você tem capacidade de mudar o que quiser quando quiser.

- sua vida pode mudar completamente em 20 minutos ... ou não.

- às vezes, serão necessários sacifícios a favor da felicidade de quem amamos.

- existes seres humanos bons e existes seres humanos que não parecem seres humanos.

- mentir é a maior diversão que uma garota pode ter sem precisar tirar as suas roupas.

- toda forma de amor é válida.

- a melhor forma de recuperar a sua vida é devolvendo vida aos outros.

- nada é absoluto, tudo é relativo.

- nunca siga uma visão de um coelho gigante, ou você pode mudar tudo relacionado ao espaço e tempo.

- às vezes, gostaria de deixar de pensar.

- o amor perdoa tudo, mas aqui se faz e aqui se paga.


domingo, 8 de março de 2009

alfabetizar

dentre as infinitas esquinas que passei, não lembro em qual delas joguei meu dicionário. sim, ele se perdeu. aliás, eu o deixei se perder. puq não fui uma boa dona. puq achei que poderia encontrá-lo facilmente na próxima esquina. e assim foi. e assim se foi. e assim ele se foi. peço desculpas a ele, puq hoje percebo o quanto me era necessário. peço também que evolua rápido, crie pernas e corra ao meu encontro, puq não há sequer palavras mais sem ele. e quando me encontrar, que grude na meu calcanhar e, mesmo que me impeça andar direito, segura firme e não me largue. e quando pensar que pode viver sem mim, que reveja o que ele pensa. e quando eu precisar falar e não encontrar palavras, que ele abra, de novo, o mundo à minha frente. eu preciso disso. puq quando eu tento, não parece verdadeiro e natural ... não é que eu não saiba mais escrever; eu só não sei sobre o quê. devolve-me isso!

sábado, 28 de fevereiro de 2009

irresistível


tem certas coisas que a gente não consegue controlar
comer um fruto que é proibido, você não acha irresistível?

na ponta dos pés, tento alcançar a maçã mais alta. a mais
vermelha. a que mais me agrada os olhos. e me esforço.
e caio. e levanto e tento de novo. e estendo a mão, esperançosa,
que finalmente toca de leve no meu objeto de desejo. e suspiros.
e alívio. e um certo prazer ao encostar meu lábio ao primeiro pedaço.
e alguém me grita:
- não! isso é pro-i-bi-do! é pecado!
e me irrito. por não poder provar em paz do veneno que busquei
pra mim. e me frustro; eu quero sentir esse sabor, mesmo sabendo
que é proibido. puq quero descobrir o paraíso sozinha. puq
quero me arriscar a conhecer o perigo. não importa dores futuras,
estômago, intestinos ... e daí se me fizer mal?
que seja pecado, então.
és meu dom; o meu mais puro dom ...


nesse fruto está escondido o paraíso. pa-ra-í-so ~

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

contra-indicações


e o grito de 'socorro' sufocado/escondido por de trás do
sorriso-cotidiano mais sincero-forçado faz o estrondo
da rosa de Hiroxima. calado. devastador. aquele que
consome. o grito saí da alma, passa pela saudade,
pela solidão, pela preocupação e estaciona no desespero.
no som do meu estribilho. e risos. e era só porque eu não
sabia que amor e distância não se deve misturar no mesmo
copo.

- duas pedras de gelo, por favor!




será que amor e distância não se misturam mesmo? trocar amor por quilômetros, que pecado! duas pedras de gelo, pra anestesiar tal sintoma, é pouco. não, amor e distância deve-se beber puro, sem gelo, sem anestesias. talvez não possam mesmo ser misturados ou talvez unir com cuidado, muito cuidado. é como destilados e fermentados; sempre ficamos bêbados. mas, não é isso que deveríamos sentir? deveríamos, mas misturar o amor e a distância no mesmo copo é muita maldade.
[diário de um príncipe hipocondríaco - 28.04.2008]

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

bloqueio

relendo os textos antigos, vi como o tempo muda muitas coisas [e como não muda nada]. alguns leio pensando 'essa não era eu, perdi meu vocabulário', outros leio e dou risada. alguns prefiro nem ler, viro o rosto com gosto e cheia de prazer em dizer 'nunca me senti assim realmente, era só escrita, só'. parte das coisas eu não sei por onde se perdeu, outras eu não sei onde se anexaram e tudo se confundiu. não sei mais puq me mantenho tentando escrever algo que não sou, que não sinto, que não vivo. já não há os mesmo motivos de antes ... não dói mais, não sangra mais. tudo ficou simples, mudado, falso e fingido. não sei do que escrevo, não sei puq escrevo, não sei pra quem escrevo. não existe algo, motivo ou explicação. não existe mais nada. o que estava aqui até ontem de-sa-pa-re-ceu. e o que eu faço com todas as coisas que fiz, que planejei, que tentei manter e mudar? todas elas são completamente inúteis. as coisas que me faziam viver [e morrer] se foram e eu já não sei de nada mais, de nada mais, demais nada, de nada demais, de mais nada mais ...



p.s.: aos que ainda me mantêm sã: brigada, não sei como me suportam.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

parabéns ^^

01/02/2009 - 18 anos do meu amor ~
então, feliz aniversário pro meu namorado;
Pedro ♥

pro meu bebê
que se tornou agora
um homem;
o meu homem.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

carta à minha inspiração

paris, 26 de janeiro de 2009.

inspiração,


que saudade tenho de você! sei que já faz muito tempo desde que nos falamos da última vez ... eu só queria entender puq você está tão afastada de mim? o que foi que eu te fiz? te liguei várias vezes desde aquele belo dia que passamos juntos, mas você simplesmente não atendeu, não retornou, não notou que eu liguei. eu preciso de você. preciso muito. já não consigo fazer nada: as músicas não saem, as notas não vibram, as palavras não fluem. você é meu ingrediente chave! por favor, entra em contato comigo. volta pra mim. será que você não entende que eu não consigo sem você? tá ... eu não vou mais falar, eu não vou mais lamentar. volta se quiser. volta, se quiser. volta! se quiser ...

abraços;
Mademoiselle.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

amigo ♥

então, 21 de janeiro de 2009. aniversário do meu amigo.
ele tá brigado comigo, eu acho, e mal fala comigo quando eu tento [sim, eu sou medrosa], mas eu quero que ele saiba que hoje é um dia importante pra mim, puq é aniversário dele! puq mesmo ele estando brigado comigo - sei lá - eu continuo o amando muuuuuuuuuuito. quero que ele saiba que meu sentimento e meu carinho por ele não mudaram nenhum pouco e que eu quero que ele seja muito feliz, tenha muito amor, muita saúde, muito carinho no caminho e, principalmente, muita vida pela frente. também queria pedir desculpas se eu o magoei de alguma forma - juro que não foi minha intenção - e eu realmente ganharia minha semana se ele voltasse a ser o meu amigo, o tanto quanto era antes ... bom, acabando com a xurumela, é o seguinte: AMIGO, EU AMO VOCÊ muitão, desejo tudo de perfeito pra tu, não só hoje, mas em todos os dias enquanto você respirar! saiba que tu pode contar sempre comigo. sempre! parabéns, que venham muito mais pra se comemorar C=



ao meu tecladista preferido;
ao meu amigo ...
Bibuuuu, feliz aniversário!
eu te amo ~