quinta-feira, 23 de setembro de 2010

primaveras

eu vivo um sonho (um sonho que não é meu) e o meu casaco preto tá perdendo a cor. talvez eu seja uma criança mimada com medo de ficar sozinha porque você me trocou por caras novas e um abraço um pouco mais apertado. onde estão aquelas rosas que eu te dei de coração? o último ato do cavaleiro romântico (cansado, cansado).
talvez seja a precaução do parecer. talvez eu deva ir pra bem longe de você; onde o vento frio e quente da primavera sempre volta. eu sobrevivo ... ou não.
minha criança, por que choras? se as lágrimas vão mesmo secar:
grite, grite, grite mas grite baixo.
é tudo culpa da prisão, do claustro, do dia errado, da música que nós paramos de cantar.
eu tava calmo, eu tava quieto, eu tava guardado no meu canto trocando teorias com anjos. eu tenho fome, eu tenho pressa, eu tenho o álcool mas o que me interessa são as memórias que eu quero esquecer: corpos pegando fogo, dois gritos e um estouro (é, lembrei de você). completa indiferença, acho que é a sentença. ah, cansei de você!
talvez seja a precaução do parecer (quanta arrogância!). talvez eu deva ir pra bem longe de você. onde o vento frio e quente da primavera sempre volta. eu sobrevivo! eu sobrevivo. ou não.

minha criança, por que chora?
se as lágrimas vão mesmo secar:
grite, grite, grite!










... mas grite baixo.

é tudo culpa da prisão, do claustro, do dia errado, da música que nós paramos de cantar.
da música que nós paramos de cantar.
da música que nós paramos de cantar.

domingo, 19 de setembro de 2010

nós parecíamos gigantes

Deus abençôe a luz do dia, o doce cheiro da primavera me fazendo lembrar de quando você era minha, numa cidade até então suburbana. Quando toda quinta-feira eu percorria as trilhas nas montanhas, você perdia as primeiras aulas e nós aprendiamos como nossos corpos funcionam.
Deus amaldiçoe a noite escura, com todas as suas tentações; eu me tornei o que sempre odiei quando estava com você. Nós pareciamos gigantes atrás da minha kitinete cinz, nos tocando para manter contato enquanto os outros estavam dormindo lá dentro.
E juntos lá - num abrigo contra o frio e o ar da montanha que começou a passar através de todo vidro contra tempestade - eu te segurei mais perto do que qualquer outro chegaria.
Você se lembra do JAMC? De nós lendo as revistas em voz alta?
Eu não sei você, mas eu juro pelo meu nome (eles podem ver no meu rosto): eu nunca fui muito bom com segredos não ...
E juntos lá, num abrigo contra o frio e o ar da montanha que começou a passar através de todo vidro contra tempestade. E eu te segurei mais perto ...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

3

3 meses:
- olhando os mesmos olhos
- beijando a mesma boca
- me encaixando no mesmo abraço
- ouvindo a mesma voz
- escrevendo textos pro mesmo "você-lírico"
- amando a mesma pessoa.

e daí? é bem assim que eu quero.
e cá entre nós:
como é doce estar apaixonada

domingo, 12 de setembro de 2010

deixe a menina

por trás de um homem triste, há sempre uma mulher feliz
e - atrás dessa mulher - mil homens, sempre tão gentis
por isso, para o seu bem: ou tire ela da cabeça
ou mereça a moça que você tem!

retrato em branco e preto

já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor. já conheço as pedras do caminho e sei também que ali, sozinho, eu vou ficar tanto pior. o que é que eu posso contra o encanto desse amor que eu nego tanto, evito tanto e que, no entanto, volta sempre a enfeitiçar? com seus mesmos tristes velhos fatos que, num álbum de retratos,
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Outra vez ...
Perdi as contas de quantas vezes vi esse final - e também de quantas vezes prometi a mim mesmo que não aconteceria outra vez. De, entre lágrimas, cantar os mesmos refrões e implorar a Deus um acelerador de tempo. Aconteceu. Porque eu sou um idiota credor de quase-palavras; porque você me liga dizendo que vem e eu acredito que você virá. Preparei teu jantar favorito, comprei duas garrafas do melhor vinho, coloquei Chico a cantar na vitrola ... Até lavei a camisa rosa pra usar. A maldita camisa rosa, a que vestia meu corpo no dia que te vi naquela livraria. Maldita livraria! Esquece, essa camisa tá começando a me fazer suar. Como você fazia, só pelo modo de me olhar. Pus o vinho pra gelar, preparei o jantar com as minhas próprias mãos! Peixe e batatas, lembra? Eu lembro. Temperei o maldito peixe e cozinhei as malditas batatas; amaldiçoei todo meu apartamento com esse cheiro terrível que impregnou na minha cozinha pra te surpreender e você?! Você me disse "chego às 21h" e eu corri pra deixar tudo pronto. Deixei tudo, tudo pronto, às 20:56h. Tomei banho, me perfumei, passei a camisa rosa e te esperei. 21h. 22h. 23h. 24h. 01h. 02h. 03h. 04h. Não sei se você veio; finalmente peguei no sono às 4h. Não suportei te esperar. Bebi o vinho todo de uma das garrafas, comi um pouco do que preparei pra não sentir a ressaca - mas eu ainda iria acordar mal; nada me tiraria a culpa de ter acreditado em você outra vez. Te esperei sentado no tapete da sala. Te esperei na cozinha. Te esperei no quarto. Te esperei deitado na cama, chorando tudo outra vez. Fui dormir tarde, indisposto, quase bêbado e infeliz. Acordei depois do meio dia; por que tinham tantas chamadas não atendidas tuas no meu telefone? Não sei pra que caí na besteira de atender uma das ligações. "Me preocupei; te liguei tanto e tu não me atendeu. Posso ir aí?" e o que eu respondo? Pode. Venha. Estou te esperando. Mas devo logo adiantar: o apartamento tá uma bagunça, dei pros gatos da rua o resto da comida, bebi a outra garrafa de vinho sozinho e não estou usando a maldita camisa rosa. Você não vai me encontrar como queria; nem eu quero te encontrar como queria.

sábado, 4 de setembro de 2010

pra você; a minha melhor parte

Se ao menos eu conseguisse discorrer simples a respeito do título e traçar todos os meus verbetes ao redor desse; mas sei que, no final, darei mil voltas até chegar ao centro e finalmente, retornarei ao ponto ao qual tudo começa com uma caixa de texto em branco. Puq com você, não é a tristeza a me tornar boa escritora; nem são minhas lágrimas as donas do que escrevo.
Pensando bem, eu nunca soube lidar com essas coisas. Nunca treinei minhas palavras para isto que eu chamo "felicidade". Nunca - NUNCA - imaginei poder existir alguém capaz de me fazer feliz apenas no modo com o qual sorri. Por isso não sei o que dizer, por isso meu campo de batalha - tão usado outrora - hoje está quase vazio, sem munição alguma. Mas não por você não merecer e sim exatamente pelo contrário: puq merece tanto que eu sequer entendo a dimensão de "tanto" quando o pronuncio.
Assim, não preciso chamar-lhe a atenção falando sobre como me fez sofrer. Não sofro. Só sou feliz; eu só sei ser feliz agora. Você reacende e restaura e recria e mantém tudo que há de mais bonito em mim: a parte que sorri tranquila, que te beija sem aflição e que sonha todas as noites com o mesmo rosto. Pra você; a minha melhor parte. E eu o amo!

8 lugares pra beijar você

- no tapete de entrada do divino sabor
- no alto da torre Eiffel
- no coliseu
- na minha sala de estar
- num shopping
- na beira de uma praia
-
- no infinito.