segunda-feira, 28 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

classificados

vende-se:
~ uma corpo cansado.

troca-se:
~ uma boca suja.

financia-se:
~ uma mente explosiva.

aluga-se:
~ uma alma inquieta.


preço a combinar.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

o dia em que eu encontrei e perdi a minha filha

Há anos, desde que sonha em ser mãe, ela projeta sua filha: a pequena Luísa, teria cabelos loirinhos e cacheadinhos iguais aos da mãe, um olho azul-céu de despertar inveja das crianças mais velhas, com um sorriso estampado no rosto e uma alegria interna imensa; daquelas que causam desejos de pular, brincar, conversar com pessoas estranhas ... Luísa, sua futura filha, seria exatamente assim.

Ela estava com fome e ele também. Estavam perto da melhor pizzaria da cidade, mas ela estava cheia, com fila de espera ... Eles decidiram, então, encomendar e levar a pizza pra casa. Entraram na sala, escolheram o sabor, pagaram e sentaram para esperar. Enquanto se sentavam, observaram um rapaz que entrava na sala com uma menina no seu colo, terminando com o monopólio dos dois sobre o lugar. O rapaz entrou, deu boa noite, escolheu o sabor, pagou e sentou-se para esperar. A menina que estava no seu colo logo sentou-se também e num impulso completamente involuntário, olhou para ela.

Ela admirava a menina: a menina pequena, loirinha, dos olhos azuis, a encarando com aquela determinação. Comentou inúmeras vezes com eles que ela era muito bonita e que se encaixava perfeitamente na descrição de filha que ela sempre sonhou. Ele riu, achou loucura. Mas era uma loucura que fazia sentido, uma loucura que tinha razão. A menina sorriu, pulou, brincou, fez "amizade" com a balconista e, logo, com o casal que também esperava a pizza.

Ela estava emocionada ao ponto de deixar timidamente escorrer uma lágrima dos seus olhos. O pai da menina sorria e dava informações, como a idade e as brincadeiras preferidas. A menina não entendia o sentido daquilo tudo, mas reconhecia nitidamente a sua "mãe de querência". A mulher olhava para a menina, que sorria e sorria e pulava e sorria. Num determinado momento, ela comentou com ele: "amor, ela parece nossa futura filha, a que se chamára Luísa". A menina, parecendo ter ouvido, se dispôs na frente da mulher e, com um ar de identificação, disse:

- Meu nome é Ana Luísa. - e sorriu outra vez.