segunda-feira, 29 de novembro de 2010

e das provas, o que aprendi

a vida é como uma questão de cinco proposições da UFBA:
errar duas vezes é fatal; é zerar a questão.
errar é anular o que você fez de correto.
estão aqui para contar os teus erros.
erre menos.



"leve para longe de minha boca
esse gosto podre de fracasso,
de derrota sem nobreza.
"


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

fênix

dedicado à Thaís Alves


Um certo dia, te vi bonita entre os outros, mas era tão bonita que meu sentimento de insignificância não me permitia aproximação. Algo no jeito que voava, que transbordava felicidade, que se relacionava com as outras aves me deixava a imaginar como um pássaro desses é raro. Enfim, eu sei que muitas vezes observei teu nicho; ao mesmo tempo que me intimidava, me dava coragem de ir atrás.
Então, um dia, eu te vi pegando fogo. Não podia crer: uma ave linda, vistosa e feliz estava ali, entrando em combustão espontânea bem diante de mim. As chamas aumentaram e brotou em mim uma força, fazendo-me cessar o fogo. Calma e paciente, observei as cinzas ainda quentes e esperei até poder tocar. Surpresa, ao quase tocar nas tuas cinzas, eis que você renasceu ali, mais bonita do que eu costumava lembrar. Você estava se refazendo aos poucos e, embora inacreditável, era este o meu desejo desde o princípio. Só depois pude entender que vocês - as fênix - quando atingem um grau máximo de experiência, necessitam ser consumidas pelas chamas e aí, sim, florecem ainda mais lindas, mais vistosas, mais felizes! E foi assim que me aproximei mais e não te deixei sozinha; quando você precisar se reciclar novamente, estarei aqui pra amparar.

Thaís, eu confio na tua capacidade de se reinventar. Não te deixarei desamparada enquanto puder e pode ter certeza: ainda há muito o que se viver. Avante, amiga!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

closer

Há algo que sempre me faz voltar. Eu já tive demais deste desfile, mas vou voltar ao início, como se nada tivesse saído do seu lugar. Passo a passo, eu refaço o sinuoso caminho; vejo as mesmas cores - agora já quase desbotadas - que insistem em colorir a travessia. E eu já sei essa direção de có, não continuo a cair nos mesmos buracos e nem a entrar nas mesmas armadilhas; talvez se pegasse um atalho, o fim seria outro. Medo não é uma palavra que costumo usar (por isso eu deixei os sapatos em casa), mas é que eu não suportaria me perder de novo. Por isso vou sem pressa, por isso demoro tanto a chegar. Uma nova chance é diferente, embora sempre seja a mesma. Mas ninguém sabe. Ninguém sabe. Eu poderia andar por aqui a vida inteira, se preciso fosse. Sozinha até a chegada, você me esperaria no pódio portando as tais rosas vermelhas e uma garrafa do meu vinho favorito. Sabe, de fato, talvez nada tenha mudado. Talvez esse sonho só precise ser despertar (ou, quem sabe, dormir definitivamente). Me deixa caminhar em paz e eu lhe conto a viagem, no final.


I'll never leave you:
just need to get closer
- closer -
lean on me now ...


sábado, 20 de novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

coração vagabundo

Meu coração é massinha de modelar bem vagabunda. Distrai-se facilmente, se contenta com pouco. Alimenta-se de migalhas e recusa sobremesa porque finge que se satisfaz. Mas é belo, é quase dissimulado.Meu coração é criança desprotegida brincando na chuva. É bailarina que tropeça no último passo do Quebra Nozes. É pianista cego, é violonista sem os braços, é marinheiro náufrago ... Meu coração sempre se adequa às mãos de quem o modela mas descama, solta tinta, intoxica quem se atreve a esculpí-lo; porque meu coração pertence a quem o aconchega, não distingue o certo do errado, não vê culpa em sua ingenuidade. Meu coração só quer ser feliz com quem quer fazê-lo feliz. Mas meu coração é teimosia, é mimo, é cabeça-dura, é intransigência e quase briga. Porque ele acredita, porque não aceita o que lhe é imposto. Meu coração é das palavras, das onomatopéias, das hipérboles e das sinestesias; mas - principalmente - do carinho. Meu coração é de quem se habilita. Perdoa: meu coração é de quem o enxerga - e de quem ele enxargar também. Meu coração esquece quem não está presente e se entrega ao primeiro sorriso malicioso que identifica. Meu coração, massinha de modelar BEM vagabunda, sempre retorna à caixa maior. Meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo que quer.