sábado, 20 de fevereiro de 2010

sua majestade, o tempo II

E é como se os anos adiantes tivessem feito uma longa viagem do tempo pra vir me cumprimentar. Não temo o que aconteça daqui pra frente, pois já sei o que me espera assim que eu contornar aquela esquina do imediato, assim que eu chegar ao final dessa estrada. Não importa que ainda falte muito tempo para acontecer - de fato - o que já está acontecendo; tampouco enjoarei disto que afirmo ser a felicidade.
Quem se atreverá a me impedir de viver o futuro agora e outra vez depois?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

sua majestade, o tempo

Alguns minutos de espera, um dígito desconhecido e - com uma certa prontidão - um adeus definitivo à minha solidão noturna.
Engraçado esse tal de tempo, que rouba todas as minhas frases prontas e me obriga a admitir tudo que eu quis esconder um dia, que me tirou de rainha e tomou o trono pra si. E eu me sentia como uma criança voltando à casa que cresceu na infância, onde caiu e ganhou sua primeira cicatriz. Como era estranho ouvir aquele som que eu conhecia mas não tinha contato há tanto tempo ... Estranho e bom, era um alívio levemente misturado com um medo e juntos, eles corriam dentro de mim e inundavam cada cômodo meu com uma certeza: estava acontecendo outra vez.
Cada segundo escorria das mãos como sempre escorreu; algumas suspresas, coisas inesperadas e o céu escureceu. O tempo era pouco, muito pouco, sempre foi assim: pouco. Entretanto, parecendo ter posse de todo o tempo do mundo, você estava ali. Um minuto a mais, um desejo diretamente proporcional. Ainda houve aquela parte em que eu pude escolher ir para o outro lado mas alguma coisa dentro de mim pulsou e eu percebi que não conseguia resistir a você, logo a você que morou em mim durante tanto tempo. Algo gritava cada vez mais alto por você e eu só consegui silenciar minha vontade depois de sentir tuas mãos no meu corpo, tua alma inteira colada à minha. E como foi agradável a sensação de te ter, poder apreciar teu gosto que, apesar de tanto tempo sem provar, ainda não tinha sido esquecido pelo meu paladar. Eu confesso: é cada vez mais doce a sensação de poder ter de volta os melhores anos que eu vivi. É aquele tal cumprindo sua missão fazendo-nos realeza outra vez. Todo o tempo do mundo pra nós dois hoje.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

adeus II

Meu coração morava numa fogueira, sempre naquela velha dor que queimava lenta e eu pedi tantas vezes pra que doesse de vez que, quando o dia chegou, eu quase não suportei. Quase. Resolvi meus desafetos e ignorei falsas preocupações de dias depois; tenho vivido feliz até hoje as horas que você havia roubado de mim.
Hoje decidi - pela primeira vez - abrir nosso baú do tesouro que ficou lacrado durante todo esse tempo: li cada palavra das tuas frases feitas, das nossas noites perfeitas, as juras de amor ao som das tuas músicas preferidas e todos os planos de me raptar e vivermos felizes para sempre ... E, para a minha surpresa, nenhuma gota de água salgada escorreu dos meus olhos. Partindo pra outro local sagrado, precisei deletar todos os vestígios da nossa falsa paixão e eu sorria a cada nova frase, sorria como uma criança quando ganha uma linda boneca nova. Então, descobri que não havia ódio, raiva ou qualquer sentimento negativo por você, mas o contrário: eu me vi feliz, relembrando nossas bobagens e nossos segredos mais profundos, pensando que talvez nós poderíamos continuar sendo invencíveis, como eu julguei um dia.
Olhando para trás, hoje eu enxergo que os outros deixaram nosso castelo intacto. Lamentável mesmo foi nossa decisão de derrubar cada bloco, fazendo questão de nos destruir. A verdade é que eu sinto falta daquela pessoa que me prometeu sua infinita amizade e é por isso que eu te agradeço cada segundo que você pode me fazer sorrir, até mesmo quando não estava mais ao meu lado.
Obrigada por tudo, meu amigo!


10/12/2009; 02:33h am.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

a flor

Doi olhar todas aquelas velhas lembranças e pensar que o que foi não é mais; é um pedaço seu em cada foto, cada música, cada mensagem, cada partícula sub-atômica que me compõe. Eu sei que fiz tudo que pude por você: te reguei, te adubei, te fiz crescer, te protegi dos bichos, te dei a luz do Sol ... você cresceu, desfincou as raízes e se plantou num jardim que está fora do meu perímetro de domínio. Talvez o que machuca mais não seja nem o arrependimento por eu não ter sido capaz de mantê-la aqui, e sim te ver cada vez mais distante, respirando um ar de indiferença que nunca foi direcionado pra mim. Como é doloroso, amiga, olhar pro horizonte distante e perceber que não é você ao meu lado compartilhando aquela visão comigo; saber que você dispõe de tempo pra todas as suas atividades obrigatórias e nenhum segundo para a sua velha [ex- melhor] amiga; olhar todos aqueles serem chamados por apelidos carinhosos e não ouvir uma palavra sequer pra mim ... Por algum tempo eu me culpei, acreditei que todos os erros vieram de minha parte - ainda que sem intenção - e corri, corri por uma estrada da qual você já tinha saído e parece não pretender voltar. Eu gosto de pensar que um dia foi você quem me completou, mas como é difícil admitir pra mim mesma que esse tempo não vai voltar! Como doi no meu peito essa sensação de que morri tentando e ainda assim não pude obter o resultado que eu queria ... Rasga minha alma em mil fragmentos ter a certeza de que você fez a tua escolha e - infelizmente - eu não faço mais parte dela. O jardim ainda está lá, com seu espaço reservado (como sempre esteve) esperando que você volte ou pelo menos devolva um pouco de cor àquilo que um dia foi seu lar, mas eu penso: cansei dessa brincadeira. Pior que plantar flores sem água é regar uma que já morreu.


ouvi dizer do teu olhar ao ver a flor
não sei puq achou ser de um outro
rapaz; foi capaz de se entregar.
eu
fiz de tudo pra ganhar você pra mim

mas mesmo assim
minha flor serviu pra que você achasse
alguém; um outro alguém que me tomou
o seu amor. eu fiz de tudo pra você perceber
que era eu ...