sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Tua Maldição

- Esta marca ainda está aí?
Eu estava no banheiro, admirando no espelho a tal marca dos dentes dela na minha pele e ouvi sua voz suave afirmando aquilo que meus olhos viam claramente. Ela parou ali, onde a porta deveria estar fechada e trancada e contra àquela luz do dia amanhecido, ela parecia ainda mais bonita do que eu me lembrava. Na ponta dos pés, como uma criança que não quer fazer barulho, ela caminhou até mim e me abraçou levemente. Nossos rostos agora juntos no espelho me faziam pensar que sentimento era aquele que me invadia. Ela era minha. Livrei-me por um tempo de seus braços e tranquei a porta: estávamos ali, novamente sozinhas, onde ninguém podia e nem precisava nos ver. Ela era incovenientemente quieta. Silenciosa. Minha. Beijei-a com toda a paixão que eu podia externar e, enquanto minha língua corria louca pelo seu corpo, eu a conduzia ao chuveiro. Ela deixava a água quente fluir e se entregava a mim como nunca havia feito. Joguei-a no chão e me deitei sobre seu corpo, ela era tão minha ... Toda sua emoção escapou e, de repente, aquele silêncio era rompido por gritos intermináveis. Eu sufocava sua boca com as minhas mãos enquanto ela dizia ao mundo o quanto era minha. Ela olhava meu desespero, ninguém sabia de nós duas ali, e ria. Ria loucamente. E quanto mais ela ria, mais eu a possuia, mais eu a dominava, mais eu a amava. Não sei o que em mim a engrandecia tanto. O que em mim deixava aquela mulher delimitada entre os meus limites. Mas ela ria tanto que me incomodava. Eu me esforçava para substituir o riso provocador por qualquer outro sentimento que ela nutria por mim. No meu desespero, até a ameacei. E ela, sempre linda, sorria como se não acreditasse que eu fosse capaz. Depois de toda essa cena perturbadora, minha cabeça dava voltas. Ela deitou-se na nossa cama e me esperou sair do banho. Eu continuei trancada no banheiro e, naquele chão onde eu a amei tantas vezes, chorei até dormir.