sábado, 23 de janeiro de 2010

anônimos

Oi, meu nome é Amanda e eu estava sóbria há 2 meses e 10 dias.
Continuei com meus hábitos, todos muito normais, até que percebi que havia me restado pouco puq eu fiz questão de deixar tudo pra trás. Tentei ainda resgatar fiapos daquilo que eu considerava meu, mas entendi que nada que eu possuia era, de fato, domínio meu.
Então, eu precisei daquilo novamente: voltei ao primeiro passo, como quando comecei isso tudo e lá vi minha garrafa preferida, cheia de frases prontas para serem degustadas e apreciadas. Recolhi minha taça - suja e esquecida no fundo da pia desativada - limpei todos as letras que ainda restavam nela, as que não alcançaram a minha língua e então, preenchi o vazio do vidro da taça deixando um pouco mais vazia a garrafa que estava ali, tão parada há tanto tempo.
Antes de levar o copo à minha boca, eu hesitei. Eu ainda podia negar que eu tinha vontade de fazer aquilo, podia quebrar tudo aquilo em pedaços razoáveis para não sobrar lembranças mas era uma vontade quase que incontrolável. Ali estava, o copo cheio, na minha frente. Era mais fácil do que eu imaginava, era apenas um movimento, um gole e tudo estaria de novo como sempre foi. De repente eu vi que eu tinha que me submeter àquilo; que eu necessitava desesperadamente me render àquela que eu sempre fui, cheia de textos na boca, sempre cuspidos com fúria ao chão. Não fazia mais sentido em não tomar toda aquela taça se ambas estavámos ali, prontas para isso. Então, foi-se o primeiro gole. E o segundo. E o terceiro. E em instantes, o copo inteiro. Bebi tudo que eu podia e não me arrependo do meu porre constante. Afirmo, sem culpa: cá estou eu, de volta, cuspindo e vomitando todas as palavras que estiveram presas outra vez, entregue à doce embriaguez da escrita; que é o que eu sempre fiz.



pois, espalhem:
O ÉDEN ABRIU OS PORTÕES


~ dedicado a Rafael (L)