Eu vou te misturar com água e te moldar feito argila, maleável ao toque morno. Vou arar você, meu terreno, arrancar as ervas daninhas (e os clichês), eu vou te escriturar em meu nome. Eu vou desenhar minhas sílabas pelas suas pernas, sonetos inteiros, minhas digitais em suas costas, vou cravar meu nome à unha, vou pintar seus lábios com o batom
dos lábios meus. Eu vou te criar de uma costela minha e te botar pra
crescer à minha beira, comer da minha comida, aprender o meu idioma,
respirar o que eu deixar. Eu vou te cantar as minhas canções e as
canções que já são suas eu vou guardar pra mim, pra cantarolar pela
estrada e lembrar da tua pele morena, dos teus cabelos, da tua beleza
indo embora, do prefácio do teu gosto ficando em mim.
eu vou despir a alma e afogar a calma
SALIVANDO UM BEIJO TEU.
SALIVANDO UM BEIJO TEU.