domingo, 29 de novembro de 2009

adeus ao paraíso

aos queridos habitantes do Éden ~

vossa humilde interlocutora sente muito, mas não pode mais adiar o fim.
se houvesse outro jeito, menos doloroso, eu o faria; mas, por ora,
os portões do Éden foram fechados e - o que me dói mais:
levarei tempo pra encontrar
as chaves reais
que joguei em algum canto do meu jardim
.
agradeço a todos que me motivaram a doar um pouco de mim,
das minhas experiências, frustrações, paixões fracassadas, alegrias
e medos durante esses dois anos e meio de Musa Híbrida.
muito obrigada e boa viagem!

- eis o pecado original: aceita um pedaço?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

o inventário do [ir]remediável (ou um adeus breve para o paraíso)

Musa Híbrida retorna em
breve para dar uma boa
explicação àqueles ainda
leais ao Éden.
no mais, agradeço desde já o apoio
pelos dois anos de blog.

eis o pecado original: aceita um pedaço?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

inefável II

- Não podemos continuar assim. Desse jeito, não duraremos muito tempo mais.

As lágrimas teimavam em escorrer pelo rosto dela, já borrado pela maquiagem barata. Ele sentiu a rispidez de sua frase e tentou apaziguar os ânimos num abraço quente, que era sua pele queimando. Ela notou o fogo que ardia nos braços dele e não pode evitar de se deixar queimar: cada polegada de sua pele foi sendo consumida rapidamente, comparável a um desejo que apenas os solitários e viciados sentem em suas angústias intermináveis. De repente, o chão daquela casa abandonada - refúgio dos amores secretos - era maior que qualquer fogueira santa da inquisição católica. Ele deslizou suavemente as mãos pelas costas dela, subindo logo em seguida com arranhões que a fizeram sentir arrepios profundos. Um beijo e então ela deitou-se novamente; sabia que era inútil conseguiria resistir àquelas mãos e muito menos àquele toque. Ele riu cinicamente e continuou seu trabalho silencioso: desabotoou o que sobrava da roupa dela e, levemente, tocou cada centímetro do seu corpo - agora despido completamente - ouvido os sussuros, os quais pareciam preces de alguém prestes a se deparar com a morte. Logo veio a sua condenação. Ele sabia exatamente o que precisava fazer ... e fez. E ela sabia exatamente o que ele iria fazer ... e não impediu. As mãos dele passavam, quentes, e ela quase implorava pra que não esquecesse daquele momento. Eles se amaram no chão frio daquela casa abandonada durante minutos preciosos que os dois recordariam eternamente.

- Eu não quero te perder.

Ele voltou a sentar-se e acendeu um cigarro, ao mesmo tempo em que observava minusiosamente o corpo dela, que agora - e sempre - era dele. Num tom envergonhado, ela tentou agradecer pela sinceridade, mas ele interrompeu sua voz.

- Eu te amo. Não permito que você me perca.

O cigarro apagou; os amantes continuavam acesos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

história de uma gata

vejo-me descalça na areia obsverdando as pegadas que me fizeram chegar até aqui. as experiências tomam seu lugar e constroem - grão a grão - cada lição a ser aprendida; e estas nem sempre me foram agradáveis, e nem sempre vão ser. contradigo tudo que já escutei e não me arrependo de ter errado todas aquelas vezes. recuso-me a permitir que qualquer coisa me abata e é aí que eu copio os gatos: minhas merdas estão aqui sim, mas estão todas cobertas pela areia. sinto muito se não é transparente, mas já não há realmente o que enxergar. aprendi sim, mas pretendo continuar aprendendo, afinal, é disso que a vida é feita. não quero me ver num pedestal sendo apontada como perfeita ou impassível à deslizes. e enquanto o tempo fizer o trabalho dele, haverá adubo e campo suficiente pra eu me manter. não prometo errar menos; muito pelo contrário! entretanto, meus queridos amigos gatos continuarão a me transmitir a sabedoria de ignorar o que ficou pra trás e enterrar, junto com as minhas falhas, o meu passado.

nós gatos já nascemos pobres. porém, já nascemos livres ~