Outra vez ...
Perdi as contas de quantas vezes vi esse final - e também de quantas vezes prometi a mim mesmo que não aconteceria outra vez. De, entre lágrimas, cantar os mesmos refrões e implorar a Deus um acelerador de tempo. Aconteceu. Porque eu sou um idiota credor de quase-palavras; porque você me liga dizendo que vem e eu acredito que você virá. Preparei teu jantar favorito, comprei duas garrafas do melhor vinho, coloquei Chico a cantar na vitrola ... Até lavei a camisa rosa pra usar. A maldita camisa rosa, a que vestia meu corpo no dia que te vi naquela livraria. Maldita livraria! Esquece, essa camisa tá começando a me fazer suar. Como você fazia, só pelo modo de me olhar. Pus o vinho pra gelar, preparei o jantar com as minhas próprias mãos! Peixe e batatas, lembra? Eu lembro. Temperei o maldito peixe e cozinhei as malditas batatas; amaldiçoei todo meu apartamento com esse cheiro terrível que impregnou na minha cozinha pra te surpreender e você?! Você me disse "chego às 21h" e eu corri pra deixar tudo pronto. Deixei tudo, tudo pronto, às 20:56h. Tomei banho, me perfumei, passei a camisa rosa e te esperei. 21h. 22h. 23h. 24h. 01h. 02h. 03h. 04h. Não sei se você veio; finalmente peguei no sono às 4h. Não suportei te esperar. Bebi o vinho todo de uma das garrafas, comi um pouco do que preparei pra não sentir a ressaca - mas eu ainda iria acordar mal; nada me tiraria a culpa de ter acreditado em você outra vez. Te esperei sentado no tapete da sala. Te esperei na cozinha. Te esperei no quarto. Te esperei deitado na cama, chorando tudo outra vez. Fui dormir tarde, indisposto, quase bêbado e infeliz. Acordei depois do meio dia; por que tinham tantas chamadas não atendidas tuas no meu telefone? Não sei pra que caí na besteira de atender uma das ligações. "Me preocupei; te liguei tanto e tu não me atendeu. Posso ir aí?" e o que eu respondo? Pode. Venha. Estou te esperando. Mas devo logo adiantar: o apartamento tá uma bagunça, dei pros gatos da rua o resto da comida, bebi a outra garrafa de vinho sozinho e não estou usando a maldita camisa rosa. Você não vai me encontrar como queria; nem eu quero te encontrar como queria.
Perdi as contas de quantas vezes vi esse final - e também de quantas vezes prometi a mim mesmo que não aconteceria outra vez. De, entre lágrimas, cantar os mesmos refrões e implorar a Deus um acelerador de tempo. Aconteceu. Porque eu sou um idiota credor de quase-palavras; porque você me liga dizendo que vem e eu acredito que você virá. Preparei teu jantar favorito, comprei duas garrafas do melhor vinho, coloquei Chico a cantar na vitrola ... Até lavei a camisa rosa pra usar. A maldita camisa rosa, a que vestia meu corpo no dia que te vi naquela livraria. Maldita livraria! Esquece, essa camisa tá começando a me fazer suar. Como você fazia, só pelo modo de me olhar. Pus o vinho pra gelar, preparei o jantar com as minhas próprias mãos! Peixe e batatas, lembra? Eu lembro. Temperei o maldito peixe e cozinhei as malditas batatas; amaldiçoei todo meu apartamento com esse cheiro terrível que impregnou na minha cozinha pra te surpreender e você?! Você me disse "chego às 21h" e eu corri pra deixar tudo pronto. Deixei tudo, tudo pronto, às 20:56h. Tomei banho, me perfumei, passei a camisa rosa e te esperei. 21h. 22h. 23h. 24h. 01h. 02h. 03h. 04h. Não sei se você veio; finalmente peguei no sono às 4h. Não suportei te esperar. Bebi o vinho todo de uma das garrafas, comi um pouco do que preparei pra não sentir a ressaca - mas eu ainda iria acordar mal; nada me tiraria a culpa de ter acreditado em você outra vez. Te esperei sentado no tapete da sala. Te esperei na cozinha. Te esperei no quarto. Te esperei deitado na cama, chorando tudo outra vez. Fui dormir tarde, indisposto, quase bêbado e infeliz. Acordei depois do meio dia; por que tinham tantas chamadas não atendidas tuas no meu telefone? Não sei pra que caí na besteira de atender uma das ligações. "Me preocupei; te liguei tanto e tu não me atendeu. Posso ir aí?" e o que eu respondo? Pode. Venha. Estou te esperando. Mas devo logo adiantar: o apartamento tá uma bagunça, dei pros gatos da rua o resto da comida, bebi a outra garrafa de vinho sozinho e não estou usando a maldita camisa rosa. Você não vai me encontrar como queria; nem eu quero te encontrar como queria.
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