sábado, 28 de maio de 2011

ao réu

A bancada do jurí te aponta, te condeda, te repreende. Daqui eu me deixo ser convencida por eles enquando tua ausência é mais parcial do que eu mesma. Enquanto eles apresentam as provas contra ti e os advogados fazem seu trabalho, eu tento te denfender apenas para mim. Até ser a tua vez de entrar em ação e me chegar assim, surpreendente, envolto em tons e sorriso e sabores e amores que jamais foram vistos. E eu não posso permitir tua prisão, se é você quem me traz todas as alegrias e desatinos necessárias a nossa história. Tuas testemunhas são as mais bem treinadas - talvez até digam a verdade por você - e teus lábios conhecem as palavras certas que devem ser proferidas para convencer a plateia. Certas vezes os papéis até se invertem e então sou eu implorando tua absolvição. Eu juíza, embora concorde com todos eles, sempre bato o martelo a teu favor. O réu - outra vez - foi inocentado de todas as acusações.

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