Há uma rasura na nossa página. Há uma mancha no papel em que nos correspondíamos. Há algo viciante no jeito em que eu espero por você porque já é madrugada e eu continuo ignorando o tempo lá fora. Outras pessoas me chamam mas ela nunca ousariam interromper meus pensamentos sobre você caso soubessem o sentimento que ainda há em mim. As canções repetem-se e, se esta é a única forma de lhe ter aqui, eu não me cansarei de escutá-las. Algumas palavras são tuas, poucas palavras, que eu releio na esperança de algo novo acontecer, de você vencer as próprias barreiras e caminhar comigo. Mas tudo que você não diz fala mais alto aos meus ouvidos. Eu ainda tento compor e apagar e consertar velhos erros permanecidos em nós dois ... Tento reconstruir todos os nossos passos, mesmo que sem a tua ajuda. Mas quando minha obra inteira estiver em exposição, eu sei que também você vai olhar para mim. E assim, talvez, eu possa finalmente lhe convencer de que viver é desenhar sem borracha. Nós ainda temos algumas folhas em branco.
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