sexta-feira, 4 de março de 2011

rei II

Ele me olha com aqueles olhos famintos. Como quem quer me provar, vai chegando perto aos poucos, como um predador que não pode afastar sua presa, e me capta entre os braços e me delineia com a ponta dos dedos e me fascina com aqueles olhos. Prende-me num cheiro que não defino, me aquieta e me diz que vai ficar tudo bem. Então tua boca, seca, cheia de sede, vai me bebendo depressa, desesperada, como quem tem medo de desperdiçar uma única gota da tua fonte. Bebe-me satisfeito e eu me pergunto como ele tem esse poder sobre mim. Mexe com meus sentidos. Puxa meu cabelo e inclina meu rosto para, então, dizer palavras doces ao meu ouvido, que se entrega fácil às suas querências. Brinca com meu corpo achando que meu veneno tem antídoto. Eu sinto suas mãos invadindo minhas tímidas curvas, sinto sua vontade de descobrir minhas terras, de fincar sua bandeira em mim. Ainda presa, ele me mastiga lentamente, salivando cada parte da minha pele. Equilibro-me na ponta da sua língua enquanto ele ri da minha tentativa de fugir; mas não há como escapar ilesa aos seus encantos. Ele me devora. E eu deixo. Porque eu já não sei ser eu; eu só sei com ele.


2 comentários:

amanda lee jones ∞ disse...

publicado por influência de Rodrigo Mota x)

Rα i sα ~ disse...

publicado porque é bonito.