sexta-feira, 25 de março de 2011

parr-à-pluie II

O tempo recolheu-se hoje; assim como nós. Eu me pergunto se haverá algum tempo aberto daqui pra frente. Continuo contemplando com uma certa angústia essa noite que se banha nessa chuva que cai fina, lenta, pirracenta e indiferente, exatamente como o nosso tempo hoje. Já sabemos que as nuvens embaçam a visão, mas também deveríamos saber como resgatar aquele Sol fugido há poucos dias. Ainda me recordo do tempo aberto, do dia claro, sem pressa, sem hora, sem limites demarcados. Mas agora existe um rio entre nós; um rio que corre mais rápido e mais cheio d'água a casa vez em que insistimos em permitir que essa chuva caia. O tempo continua fechado e eu me pergunto se, talvez, pela manhã, tudo terá mudado de novo. Eu espero o tempo que for, mas espero que tenhamos tempo. E não esse tempo falso; da pressa, das obrigações, do adiável. Que tenhamos tempo limpo e aberto, que tenhamos tempo - de verdade - para nós.

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