sexta-feira, 27 de agosto de 2010

parr-à-pluie


je te tiens chaudement.
c'est mieux, n'est-ce pas?
et au dehors il fait froid.
pourquoi tu pars?





Saindo desprotegida: sem acessórios, de pés descalços, com cabelos ao vento, quase cega pela luz do Sol. Dias tão coloridos que poderiam despertar a inveja de Frida. Acreditando, assim, que tudo está sendo feito para dar certo. Sem guarda-chuva. Não há com o que se preocupar. Péspouco tangentes à terra; levitar é a vontade. E o tempo vira - o doce azul celeste cede lugar a um tom quase negro; os sentidos se preparam e então escuto o primeiro trovão, seguido da água. Não era para isso que eu estava preparada, aliás, sequer sei se estava preparada para algo. A tentativa de correr é facilmente frustrada; ruas molhadas são mais perigosas que a própria frustração. Despertar do sonho é a ordem. Meus pés fixos à lama tentam livrar-se da chuva. Chegar em casa, encharcada de lágrimas do céu; já com frio. Trocam-se os tempos e as roupas molhadas, mas não o sentimento de estiagem o qual deveria prevalecer. E jogar-me no tapete da sala de estar e esconder-me num cobertor quente perto da lareira da minha sala de estar não vai me secar das gotas que já alcançaram meu corpo, minha alma. Daqui vou observar cada pingo cair como uma bomba de Hiroshima, mais mortal ao meu coração que qualquer radiação, e fingir que reconheço a beleza em toda tristeza habitada em chover. Viver ao Sol e molhar-me de repente? Não prefiro assim. Nunca me preparei para a chuva e desejo estar seca quando você pensar em partir.

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