sábado, 29 de setembro de 2012

Ciclos

- Acho que eu me machuquei de novo.
- Mais uma vez, você quer dizer.
- É, mais uma vez.
- Mas como assim "acha"?
- Assim, achando. Começou a sangrar mas eu não tô sentindo dor.
- Mas você vai sentir. E, daqui a pouco, vai piorar. Você precisa cuidar disso antes.
- E o que eu devo fazer agora?
- Primeiro você precisa limpar: lava direito com água corrente e seca com cuidado.
- Você estava certa.
- Estava?
- É, começou a incomodar.
- Eu disse ... Bom, depois, você tem de passar esse remédio.
- Puta que pariu, isso arde! Caralho ... E como arde!
- Calma. Respira fundo. Aqui, eu te ajudo, pega minha mão.
- Eu não vou conseguir terminar isso. Doi demais! Faz isso pra mim?
- Tem certeza?
- Tenho! Por favor, faz isso. Eu não vou terminar sozinho! Tá doendo muito!
- Ai, tá. Vem cá ...
- Você vai ter cuidado?
- Claro. Fecha os olhos se quiser e me deixa fazer isso.
- Ainda tá machucando!
- Calma que já vai passar.
- E agora, o que você vai fazer?
- Agora eu vou fechar o curativo.
- Já fechou?
- Já.
- Posso olhar?
- Se quiser ...
- Poxa, mas ficou bom mesmo! A dor tá até passando já ... Tô pronto pra outra!
- É ...
- Posso voltar pra lá? Posso brincar de novo?



Vai lá, brincar - de novo - comigo de longe ...

3 comentários:

Fabrícia Alves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabrícia Alves disse...

Sabe onde encontrar os melhores curativos e parece que a lágrima da despedida é o que faz a ferida fechar, mas e quando a mulher da vida dele (ou seria moça dos band-aids) estiver feliz a ponto de não deixar mais cair "água e sal" ? Para quem ele irá recorrer?

Amanda Silveira disse...

"Parece que foi ontem ... Eu fiz aquele chá de abu pra te curar da tosse, do chulé, pra te botar de pé. E foi difícil ter que te levar pr'àquele lugar. Como é que hoje se diz? Você não quis ficar ..."