- Acho que eu me machuquei de novo.
- Mais uma vez, você quer dizer.
- É, mais uma vez.
- Mas como assim "acha"?
- Assim, achando. Começou a sangrar mas eu não tô sentindo dor.
- Mas você vai sentir. E, daqui a pouco, vai piorar. Você precisa cuidar disso antes.
- E o que eu devo fazer agora?
- Primeiro você precisa limpar: lava direito com água corrente e seca com cuidado.
- Você estava certa.
- Estava?
- É, começou a incomodar.
- Eu disse ... Bom, depois, você tem de passar esse remédio.
- Puta que pariu, isso arde! Caralho ... E como arde!
- Calma. Respira fundo. Aqui, eu te ajudo, pega minha mão.
- Eu não vou conseguir terminar isso. Doi demais! Faz isso pra mim?
- Tem certeza?
- Tenho! Por favor, faz isso. Eu não vou terminar sozinho! Tá doendo muito!
- Ai, tá. Vem cá ...
- Você vai ter cuidado?
- Claro. Fecha os olhos se quiser e me deixa fazer isso.
- Ainda tá machucando!
- Calma que já vai passar.
- E agora, o que você vai fazer?
- Agora eu vou fechar o curativo.
- Já fechou?
- Já.
- Posso olhar?
- Se quiser ...
- Poxa, mas ficou bom mesmo! A dor tá até passando já ... Tô pronto pra outra!
- É ...
- Posso voltar pra lá? Posso brincar de novo?
Vai lá, brincar - de novo - comigo de longe ...
3 comentários:
Sabe onde encontrar os melhores curativos e parece que a lágrima da despedida é o que faz a ferida fechar, mas e quando a mulher da vida dele (ou seria moça dos band-aids) estiver feliz a ponto de não deixar mais cair "água e sal" ? Para quem ele irá recorrer?
"Parece que foi ontem ... Eu fiz aquele chá de abu pra te curar da tosse, do chulé, pra te botar de pé. E foi difícil ter que te levar pr'àquele lugar. Como é que hoje se diz? Você não quis ficar ..."
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